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IPCA recua e mercado fala em juros abaixo de 7%
11 de Setembro de 2017

A forte turbulência no cenário político nos últimos dias contrasta com dados cada vez mais positivos vindos da economia. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês de agosto em 0,19%, abaixo das estimativas do mercado, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE. Em 12 meses, o índice oficial de inflação está em 2,46%, o menor desde fevereiro de 1999, quando ficou em 2,24%. Para agosto, a taxa é a menor desde 2010 (0,4%). Já no ano, o IPCA tem alta de 1,62%, a menor alta nesse tipo de comparação desde 1994.

Também nesta quarta-feira, o Banco Central (BC) reduziu a Selic, taxa básica de juros, de 9,25% para 8,25% ao ano. Até a véspera do feriado de 7 de setembro, as apostas do mercado financeiro apontavam para uma Selic de 7,25% no fim do ano. Com isso, igualaria o nível mais baixo da taxa de juros no Brasil, em 2012, no governo Dilma Rousseff. Mas, com a inflação em níveis tão baixos, economistas começam a apostar em uma taxa ainda menor, até abaixo dos 7%.

E, diferentemente da época do governo Dilma, quando a queda da Selic foi mais uma questão política, sem amparo nas condições macroeconômicas (quando o ex-presidente do Banco Central Alexandre Tombini deixou o cargo, no ano passado, os juros já estavam em 14,25% ao ano), a avaliação agora é de que há condições para o País, finalmente, manter tanto a inflação quanto a Selic em níveis baixos, o que tem um efeito benéfico tanto na vida das pessoas quanto das empresas.

"A nossa expectativa é que a inflação se mantenha baixa pelo menos nos próximos dois anos", disse o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados. "E, com a inflação em níveis mais comportados, a Selic pode cair e se manter, o que não é usual no Brasil." O senão nesse quadro, diz, é a questão fiscal, ainda muito complicada, e que só vai se resolver com a aprovação das reformas econômicas, especialmente a da Previdência.

Para o economista, a inflação deve ficar este ano em torno de 3%, o que pressionará o BC a baixar ainda mais os juros, talvez até abaixo dos 7,25%. A meta de inflação perseguida pelo BC é de 4,5% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Quando essa meta é descumprida, o presidente do banco precisa enviar uma carta ao Ministério da Fazenda explicando porque isso ocorreu.

Além da sazonalidade. Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC e sócio-diretor da Schwartsman & Associados, a surpresa com o IPCA de agosto mostra que o resultado vai além de questões puramente sazonais e da queda nos preços dos alimentos. Segundo ele, as condições para o IPCA fechar até abaixo de 3% este ano são crescentes.

Além disso, o ambiente desinflacionário que tende a persistir em 2018 - ainda que em menor magnitude - deve permitir que a Selic continue caindo em 2018, a despeito dos sinais de retomada da atividade econômica. "A possibilidade de aumento de juros no ano que vem é remota. O desemprego ainda está muito elevado", afirmou.
FONTE: Jornal do Comércio
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